Review | Sangue na piscina
| Com 4 ⭐︎ |

A cada policial de Agatha Christie é inevitável que a expectativa do próximo não seja elevada. Ou não fosse ela perita na arte de construir policiais. E a forma como constrói um crime aparentemente perfeito, para depois o desconstruir, com o máximo detalhe, é extraordinária. Um crime simples, quase teatral, que até parece mentira, acaba por se revelar a maior das surpresas. Um crime que nos confirma que as aparências iludem e que a mente humana tem sempre tendência para complicar o que é simples.
Mais uma vez, é Hercule Poirot quem assume as rédeas de todo o mistério envolvido neste crime. Ou pelo menos, é nisso que querem que acreditemos. Porque a icónica personagem excêntrica passa completamente despercebida. Com aparições muito ocasionais ao longo de toda a narrativa misteriosa e intensa, no fim, é ele que desvenda todos os pormenores, como se estivesse estado presente. Ainda serei conquistada por Hercule Poirot. Mas, neste momento, ainda é Miss Jane Marple quem tem um lugar muito especial no meu coração.
Ao contrário do que poderíamos esperar, Hercule Poirot não é convidado para a cena do crime propositadamente para o desvendar. Prestes a entrar na magnífica propriedade de Lucy Angkatell, Poirot depara-se com uma elaborada cena aparentemente preparada para a sua chegada: um homem jaz numa poça de tinta vermelha e a sua tímida mulher encontra-se junto do corpo com uma arma, enquanto os outros convidados parecem convenientemente chocados. Mas rapidamente, Poirot se apercebe que o que tinge o pavimento é sangue. E o cadáver é real. Foi a mulher que o matou. Não, seria demasiado óbvio. Ou talvez não.