Review | Bairro das Cruzes
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Book | Bairro das Cruzes
Nem sempre leio as sinopses dos livros em que me aventuro. Especialmente, daqueles que estão incluídos na assinatura do kobo plus e que foram descarregados por recomendações alheias que me foram chegando. Até agora tenho saído sempre surpreendida destas experiências literárias às cegas. E com o Bairro das Cruzes não foi diferente. Porque é um drama familiar duro, envolvente e narrado de uma forma tão crua e direta que é impossível virar a página sem sentirmos o arrepio de desconforto.
Esta é uma história que se vai tornando cada vez mais fria, à medida que as escolhas feitas são reveladas. Às páginas tantas, deixamos de ter a certeza que esta é uma obra de ficção tal é a angustia que nos é transmitida capítulo após capítulo. Uma Luísa Baliza que nos enche de orgulho com todas as conquistas alcançadas ao longo de um caminho sinuoso, sempre em curva contra curva. Se ela nos conhecesse, saberia que nunca esteve sozinha. Porque estivemos sempre ao seu lado, prontos para o abraço de conforto.
E como a família não se escolhe, pela prima Rosa não há empatia possível. Com mais espinhos do que uma urtiga, ainda não tinha resolvido um problema, já estava a pensar como provocar outro. Uma pessoa vazia que representa, na mesma medida, um dos maiores clichés e verdades: há sempre o caminho que se escolhe evitar e o que se escolhe seguir. Porque independentemente do passado que nos acompanha e do impacto das escolhas dos outros, os laços que se vão criando e cimentando são sempre fruto da vida que escolhemos viver.